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Lições sobre bezerros e responsabilidades

Imagine que alguém seja pego assaltando uma residência e, quando censurado pelo delegado, responda que a razão do assalto foi que a porta estava apenas encostada e ele não fez muito esforço para abrir. Esse tipo de situação se apresentou para ele mais como um convite ao roubo do que trespassar propriedade alheia. Mais que isso, ao entrar, ele conseguiu ouvir o ronco dos moradores gozando de um profundo sono restaurador, o que soou para ele como um incentivo para perpetrar o furto, sabendo que ele não seria interrompido. Os moradores não deveriam dormir tão pesado assim. No final das contas, a culpa era dos moradores, que dormiram tão pesado e não trancaram a porta atrás de si, providenciaram um convite, como se quisessem ser roubados.


Irreal ou surreal, evasivas como essa acontecem muito.

Negar a responsabilidade ou transferir culpa é uma trend nossa. Mas ela não é uma novidade na história do homem caído. Estava lendo esses dias sobre o momento em que o encontro do Grande Deus e Moisés precisou ser interrompido por causa da impaciência, incredulidade e rebelião do povo de Israel (Êx 32). Moisés acabara de receber as tábuas da lei escritas pelo dedo do próprio Deus. Mas esse Moisés estava demorando para voltar e o povo precisava avançar, mesmo sem Moisés. Mesmo sem o invisível Yahweh.

A história é conhecida. O povo acocha Arão, que não era firme o suficiente para controlar o povo e exercer corretamente sua posição de autoridade. Sendo frouxo, ele abriu a salva, recolheu o ouro dos penduricalhos da turma, derreteu o metal e talhou um bezerro para ir adiante do povo de Israel (32:4, 5).

Mas dessa vez minha atenção foi aprisionada pelo desenrolar da história - a passividade de Arão é a desgraça do povo. Yahweh não tinha desaparecido e estava vendo a manufatura do concorrente chifrudo. Moisés também não havia morrido, mas estava aprendendo de Deus para ensinar ao seu povo. Só o povo que estava avivado para o mal, enquanto Arão estava amortecido para o bem.

Moisés desce depressa, quebra as tábuas da aliança e confronta Arão por sua negligência e frouxidão. Moisés está pronto a acreditar que fazer o que Arão fez, sabendo da gravidade dessa situação, só poderia acontecer sob efeito de psicotrópico ou tortura. Moisés pergunta: “— O que foi que esse povo fez a você, para que você trouxesse sobre ele tão grande pecado?” (v. 21). Mas o povo não tinha feito muito. Sem tortura ou suborno, o povo disse para Arão forjar substitutos para Yahweh, e talvez ele antecipasse ser o substituto de Moisés.

Foi daqui que eu não consegui sair. A frouxidão de Arão abraçou sua covardia. Ele demonstrou-se irresponsável em liderar e covarde em assumir sua omissão. Foi “frouxo” para dizer “não” ao povo e “frouxo” para assumir que disse “sim” a ele.


Mas alguém precisa ser culpado.

Arão explica para Moisés que o bezerro de ouro aconteceu por causa da propensão maldosa dos israelitas, ou seja, a culpa é do povo (v. 22). Somado a isso, Moisés demorou demais em mandar notícias, isto é, a culpa é de Moisés (v. 23). E ele concluiu o seu epitáfio da frouxidão com maestria. Ele diz: “Eles o deram para mim, eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.” (v. 24), ou seja, a culpa é do fogo. Todo mundo poderia ser culpado, menos Arão.

A falta de liderança de Arão em controlar e proteger o povo de si mesmo foi agravada pela sua indisponibilidade de admitir sua culpa. O pecado da omissão normalmente acorda de ressaca com justiça própria. As muitas transferências, manipulações e mentiras não saem no suor quando o prazer da apatia e irresponsabilidade passam.

O que fica claro é que a frouxidão normalmente vem associada de covardia. Se você não exerce os papéis que o Senhor lhe deu, é provável que explique o seu pecado e frouxidão culpando outras pessoas ou coisas. Essa jogada pode funcionar temporariamente com os outros, mas não funciona com Deus. “o povo estava sem controle, pois Arão tinha deixado à solta para vergonha no meio dos seus inimigos...” (v. 25). Arão foi culpado por eximir de sua responsabilidade e a cura estava em sua confissão e reconhecimento, não em transferência e covardia.

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